ÍNDICE

  1. APRESENTAÇÃO
  2. INTRODUÇÃO
  3. CARACTERIZAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA
  4. ECOSSISTEMAS DA MATA ATLÂNTICA
  5. INTERAÇÃO DOS ANIMAIS COM A FLORESTA
  6. AÇÕES DO HOMEM CONTRA A MATA ATLÂNTICA
  7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

5. AÇÕES DO HOMEM CONTRA A MATA ATLÂNTICA

A mata virgem era caracterizada pela imensa diversidade biológica, pela presença de árvores altas e grossas e principalmente pelo equilíbrio entres as espécies. As ações do homem têm transformado estes ecossistemas antes intocados.

 

5.1 TIPOS DE FORMAÇÕES FLORESTAIS

Floresta Primária

A floresta primária é aquela caracterizada pela pouca interferência humana, com atividades do extrativismo do palmito e madeiras (corte seletivo de algumas espécies de árvores de grande valor comercial), por exemplo. Infelizmente, não temos mais florestas intocadas. Até nas regiões mais inacessíveis o homem deu um jeito de retirar alguma coisa. Certas espécies centenárias e raras na Mata Atlântica apresentam uma relação altamente complexa com animais (dispersores e polinizadores), plantas e microorganismos. Daí uma das razões da espécie ser rara, sendo totalmente desaconselhável seu abate para aproveitar a madeira.

 

Figura 5.1 Floresta primária (Ombrófila Densa) em Itaiópolis (SC), às margens do rio Itajaí do Norte (ou Hercílio).
 
Figura 5.2 Raiz tabular é uma das características de muitas espécies de árvores adultas (geralmente com mais de 100 anos) de uma floresta primária.
 
Figura 5.3 Mesmo as áreas com floresta primária não estão livres da ação do homem. São freqüentemente atacadas para o furto de palmito, como neste caso, na Serra Dona Francisca, em Joinville, onde os saqueadores foram pegos pela polícia ambiental. Esta foto gentilmente cedida pela Polícia Ambiental de Joinville.

 

A contínua e crescente devastação das florestas para agricultura, pastagens, reflorestamentos e implantação de loteamentos reduziram as florestas primárias a poucos e pequenos fragmentos de mata, cujas conseqüências para o próprio homem poderão ser catastróficas a médio e longo prazo (como secas severas, pois as florestas exercem forte influência sobre a quantidade e regularidade das chuvas).

 

Floresta Secundária

A floresta secundária é aquela que resulta de um processo de regeneração natural em áreas de floresta primária que foram totalmente desmatadas.

A grande maioria de remanescentes de Mata Atlântica existentes em todo país são de florestas secundárias, que se regeneraram de forma natural, pelo simples abandono.

No entanto, em certos locais, a invasão de taquarais, bambus (muitas vezes exóticos) e samambaias impedem a regeneração das florestas. O simples corte seletivo de árvores abre clareiras que favorecem o desenvolvimento dessas plantas que colonizam a área e começam a se alastrar e engolir lentamente toda a floresta. É o caso do taquaruçu, por exemplo, que vai sufocando as árvores centenárias em florestas primárias, aniquilando com a biodiversidade.

 

Figura 5.4 Espécie de bambu (taquarinha) que se desenvolve em áreas abertas e se alastra e sufoca até árvores adultas, formando verdadeiras “esculturas” e impedindo a regeneração da floresta. Foto da área do Centro Interpretativo da Mata Atlântica (CIMA), em Jaraguá do Sul (SC).

 

Esse ecossistema tem papel fundamental nos efeitos climáticos, mas em termos de biodiversidade, a floresta secundária tem 50% menos espécies que a floresta primária.

 

5.2 ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DE UMA FLORESTA SECUNDÁRIA

As florestas secundárias são classificadas de acordo com os estágios de regeneração:

• Estágio inicial de regeneração:

Surge logo após o abandono de uma área degradada. Predominam espécies pioneiras, de crescimento rápido e de vida curta, além de capins e samambaias de chão.

As espécies encontradas no estágio inicial de regeneração estão adaptadas a sobreviver em um ambiente com solo pobre em nutrientes e de insolação direta. Quando adultas, criam um ambiente sombreado e fresco para o restabelecimento da floresta definitiva. É importante ter em mente que o plantio de árvores nativas é completamente desnecessário e desaconselhado em nossa região, haja vista o risco de introduzir variedade de uma mesma espécie de outra região (misturar populações de uma mesma espécie já selecionadas pela natureza durante milhões de anos). Plantar árvores é função da fauna e do vento. O mais importante é proteger as áreas remanescentes e a fauna.

 

Figura 5.5 Floresta secundária em estágio inicial de regeneração natural. Nesta foto é possível notar que em nossa região não há a necessidade do plantio de árvores para recuperar uma área degradada. Basta não interferir mais na área que a natureza se encarrega do resto. O local onde a floresta está regenerando era uma pastagem.

 

• Estágio médio de regeneração:

As espécies predominantes são, normalmente, pioneiras na fase adulta. No piso da floresta, uma pequena camada de serapilheira é encontrada, esta se decompõe, nutre o solo e favorece o desenvolvimento de espécies definitivas. Na nossa região a espécie de árvore de ocorrência predominante neste estágio é o jacatirão, que facilmente pode ser reconhecido pela sua floração bastante intensa, cujas flores apresentam uma variação de cores que vai do branco ao lilás. O jacatirão vive no máximo 20 anos. Crescimento rápido e vida curta são características das árvores pioneiras que deixam o ambiente propício para o início do desenvolvimento das árvores definitivas, com crescimento lento, mas vida muito longa, centenas de anos.

 

Figura 5.6 Jacatirão florescido - Quando nesta fase (adulta) é indicador de floresta secundária.

 

• Estágio avançado de regeneração:

Predominam as espécies definitivas, de crescimento lento e de vida longa. Neste estágio, as camadas da floresta são bem definidas.

 

Figura 5.7 Paisagem com florestas em estágio avançado de regeneração, às margens do rio Itajaí do Norte, em Itaiópolis (SC). As florestas que aparecem nesta imagem são todas secundárias. A área foi destruída na década de 50, ou antes disso. A forte regeneração natural recobriu os morros novamente, graças à fauna e as áreas remanescentes que não puderam ser destruídas pela dificuldade de acesso.

 

 

Desmatamentos e Contaminação Biológica: ameaças para a Mata Atlântica.

5.3 DESMATAMENTOS

O Brasil já se tornou o centro das atenções internacionais, de forma muito negativa, pois conquistou o título de campeão mundial em desmatamentos. A Mata Atlântica é um dos ecossistemas que vem sofrendo diariamente com esta destruição, sendo classificado pela UNESCO, órgão da ONU, como o ecossistema mais ameaçado do planeta.

A cultura de fumo, os reflorestamentos, a exploração madeireira, as queimadas, a especulação imobiliária e a pecuária contribuem enormemente com o desmatamento das florestas.

A destruição da Mata Atlântica é permitida, com o pretexto de ampliar as áreas de cultivo e a exploração econômica, porém, esta destruição em nada diminui a fome e a miséria em nosso país.

 

5.4 CONTAMINAÇÃO BIOLÓGICA

O que é contaminação biológica? Espécies de flora e fauna trazidas pelo homem de outros países, que acabam dominando, competindo e eliminando espécies nativas.

A contaminação biológica é a segunda causa de perda de biodiversidade no mundo, depois da destruição e da degradação de habitat.

O pinus, o eucalipto, a taquarinha, o taquaruçu, a palmeira real, o lírio-do-brejo, o chuchu, a rã-touro-gigante, o caramujo-africano e o javali são apenas alguns exemplos de espécies que foram introduzidas na Mata Atlântica e que estão causando um grande desequilíbrio a esse ecossistema.

 

Figura 5.8 Contaminação biológica: reflorestamento de pinus de uma grande empresa da região plantada de forma ilegal no topo de um morro nos Campos de Altitude em Garuva, SC.
 
Figura 5.9 O chuchu tem destruído muitas áreas importantes de Mata Atlântica primária na Serra do Mar da região norte de Santa Catarina. Em muitos casos a dispersão é intencional (criminosa) por parte dos proprietários, que conhecem muito bem os efeitos devastadores sobre a floresta quando o chuchu se alastra e sufoca até árvores gigantes, centenárias, como nesta foto, que foi tirada na localidade Rio Mandioca, em São Bento do Sul, divisa com Corupá.
 
fepema weg frbl johnsonejohnson bvs&a governo_sc avina brazil_foundation celesc prefeitura_jaragua cmdca Doacao Donate