ÍNDICE

  1. APRESENTAÇÃO
  2. INTRODUÇÃO
  3. CARACTERIZAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA
  4. ECOSSISTEMAS DA MATA ATLÂNTICA
  5. INTERAÇÃO DOS ANIMAIS COM A FLORESTA
  6. AÇÕES DO HOMEM CONTRA A MATA ATLÂNTICA
  7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

3. ECOSSISTEMAS DA MATA ATLÂNTICA

A temperatura, a freqüência das chuvas, a altitude, a proximidade do oceano e a composição do solo determinam as variações de vegetação que definem os diferentes ecossistemas que constituem a Mata Atlântica.

Certos animais têm adaptações para viverem em apenas um desses ecossistemas, isto é, num ambiente com determinadas características. A diversidade biológica (biodiversidade) de todos os ecossistemas ou em apenas um deles é considerável.

Esses ecossistemas recebem denominações como: Floresta Ombrófila Densa, Floresta de Araucária ou Ombrófila mista, Campos de Altitude, Restingas e Manguezais. Na região norte de Santa Catarina ocorrem todos estes ecossistemas. Como há vários tipos de ecossistemas e subdivisões desses, as denominações podem variar de um texto para outro.

 

3.1 FLORESTA OMBRÓFILA DENSA

Floresta grandiosa e heterogênea, de solo bem drenado e com grande fertilidade, é caracterizada por apresentar árvores de folhas largas, sempre-verdes, de longa duração e mecanismos adaptados para resistir tanto a períodos de calor extremo quanto de muita umidade. Sua vegetação apresenta altura média de 15 metros, mas as grandes árvores chegam a atingir até 40 metros. O grande número de cipós, bromélias, orquídeas e outras epífitas (plantas aéreas) que se hospedam nas imponentes árvores dão a esta floresta um caráter tipicamente tropical.

 

Figura 3.1 Figueira: uma imponente árvore típica da Floresta Ombrófila Densa. Grande quantidade de bromélias, orquídeas, cipós e outras epífitas se hospedam em seus galhos, em busca de maior quantidade de luz.

 

Uma grande diversidade de espécies de plantas é encontrada na Floresta Ombrófila Densa, entre elas destacam-se as canelas, o palmiteiro, as figueiras, o coqueiro-jerivá etc.

Diversas espécies de invertebrados, anfíbios, répteis, aves e mamíferos são encontrados neste ecossistema.

A principal ameaça da Floresta Ombrófila Densa é o desmatamento que visa transformar as áreas remanescentes em espaço para a agricultura, a agropecuária, reflorestamentos e loteamentos.

 

Figura 3.2 Desmatamento criminoso nas últimas áreas de Mata Atlântica.

 

 

3.2 FLORESTA OMBRÓFILA MISTA OU MATA DE ARAUCÁRIA

Outra formação florestal da Mata Atlântica é a Floresta Ombrófila Mista ou Mata de Araucária, localizada principalmente na região Sul. O clima é subtropical, com chuvas regulares o ano todo, e temperaturas relativamente baixas.

 

Figura 3.3 Paisagem típica da Floresta Ombrófila Mista ou Mata de Araucária.

 

Nesta floresta predomina uma espécie de árvore, o pinheiro-do-Paraná (Araucaria angustifólia), conhecida também por araucária, que pode atingir até 50 metros de altura. Outros exemplos de árvores que ocorrem neste ecossistema são: imbuia, erva-mate, bracatinga, gavirova (ou gabirova), tarumã, pessegueiro-bravo, cedro, vassourão e a canela-sassafrás.

 

Figura 3.4 Araucária ou pinheiro-do-Paraná, árvore típica do ecossistema da Mata Atlântica que lhe empresta seu nome: Floresta de Araucária.

 

Quanto a fauna da Floresta Ombrófila Mista, podem ser encontrados roedores (ratos, cutias e pacas), aves ameaçadas de extinção como a gralha-azul e o papagaio-de-peito-rocho, além de inúmeros insetos. A semente da araucária, o pinhão, é muito apreciada pela fauna em geral e se constitui numa fonte de alimento essencial para o seu sustento.

A ameaça de extinção de algumas espécies desse ecossistema, como a gralha-azul e o papagaio-de-peito-rocho, pode ser atribuída à escassez do pinhão. Para agravar a situação, as pessoas vêm coletando o pinhão para comércio, já que é muito apreciado também pelos humanos. Quando as pinhas - que agregam os pinhões, que são os fruto da araucária - estão ainda verdes são furtadas das áreas de preservação, não deixando nada para a fauna que acaba perecendo de fome.

 

Figura 3.5 Papagaio-de-peito-rocho (Amazona vinacea): ave que está sendo exterminada devido à destruição das Florestas de Araucárias. Foto tirada no Zôo de Pomerode (SC) em jan/04. Exemplar apreendido do tráfico de animais silvestres e que não pode mais voltar para a natureza.
 
Figura 3.6 Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus): ave símbolo da Floresta de Araucária que está desaparecendo devido à destruição deste ecossistema. Foto tirada no Zôo de Pomerode (SC) em jan/04. Exemplar apreendido do tráfico de animais silvestres e que não pode mais voltar para a natureza.

 

Infelizmente, esse ecossistema está ameaçado de extinção, devido à exploração da madeira e pela substituição de sua área de domínio pela agricultura e reflorestamentos de pinus e eucalipto. Em Santa Catarina, restam menos de 1% do ecossistema original e a destruição continua intensa.

 

Figura 3.7 Destruição criminosa das últimas áreas de Floresta de Araucárias. Foto tirada em 01/11/2004 em Itaiópolis (SC), trevo BR-116.
 
Figura 3.8 Destruição criminosa das últimas áreas de Floresta de Araucárias. Foto tirada em 25/07/2004 em Itaiópolis (SC), Distrito de Itaió.

 

Já a araucária é ainda bastante comum de ser observada nas propriedades, devido ao fato das pessoas gostarem muito do pinhão. A abundância das sementes produzidas que germinam facilmente, colabora muito para a perpetuação da espécie. Além disso, em área aberta, num solo de boa fertilidade, em apenas 13 anos uma araucária já produz sementes (pinhões).

A araucária é uma árvore que só se desenvolve bem em áreas abertas, ou seja, é uma espécie pioneira (isto é, a primeira a desenvolver em áreas desmatadas). Por isso, é difícil sua regeneração numa floresta onde ocorreu sua extração nas últimas décadas, o que causa um grave impacto na fauna, pois a oferta de pinhão durante um certo período do ano é crucial para a sobrevivência de muitas espécies. Os pinhões cobrem uma lacuna na oferta de alimento na floresta. Evidentemente, outras espécies de árvores são igualmente importantes.

 

Figura 3.9 Cenário de destruição muito comum de ser observado nas propriedades rurais: toda a vegetação do ecossistema é destruída e apenas as araucárias poupadas, por causa do pinhão, muito apreciado pelas pessoas.

 

O fato de ser uma árvore apreciada pelo homem, este acaba provocando seu adensamento (artificial) em certas regiões, o que acaba não contribuindo muito para a conservação da biodiversidade, para a qual seria necessária uma floresta com uma maior diversidade de espécies de árvores, arbustos, cipós etc. É muito comum os proprietários suprimir todas as outras espécies de árvores de grande porte e as espécies de vegetação do sub-bosque, o que aniquila com quase toda a fauna.

 

Figura 3.10 Araucárias adensadas (“monocultura”) pela interferência do homem. Situação que não traz grandes benefícios para a conservação da biodiversidade, que necessita da integridade do ecossistema, ou seja, de uma grande diversidade de árvores, arbustos, cipós etc.para que haja oferta de alimento para a fauna o ano todo, como era antes da agressão do homem.

 

 

3.3 CAMPOS DE ALTITUDE

No alto de serras, em geral acima de 900m, ocorrem formações conhecidas como Campos de Altitude. Na serra do Mar da região norte de Santa Catarina, no município de Garuva principalmente, temos a ocorrência deste ecossistema.

 

 
 
Figura 3.11 Paisagens típicas dos Campos de Altitude - Imagem superior mostra a vegetação rasteira e a imagem inferior mostra a extensão desses campos naturais.

 

A camada do solo é bastante rasa e pedregosa de modo que somente plantas de pequeno porte conseguem se desenvolver, vegetação rasteira em geral, predominando as gramíneas, formando extensos campos naturais. Já entre as montanhas, onde a camada de solo é mais espessa e mais úmida devido ao acúmulo das águas das chuvas que escoa das partes mais altas (formando as nascentes), ocorrem áreas com floresta constituída por árvores de grande porte. Essa mata recebe o nome de floresta de galeria. Esses locais oferecem condições para abrigar uma diversificada fauna de mamíferos e aves. Nascentes de rios importantes, como o rio Quiriri (afluente do rio Cubatão) que abastece Joinville, localizam-se nos Campos de Altitude.

 

Figura 3.12 Floresta de Galeria nos Campos de Altitude. Foto tirada em 11/01/2006 – Alto Quiriri – Garuva, SC.
 
Figura 3.13 Detalhe do recorte de uma estrada na região dos Campos de Altitude mostrando que o solo é bem raso e bastante pedregoso.

 

Após as chuvas, as águas escoam rapidamente para as partes mais baixas deixando o solo (que já é bastante pedregoso, de fácil drenagem portanto) sempre seco. Neste ambiente seco, de solo bem drenado, combinado com os ventos fortes e constantes as plantas desenvolveram adaptações especiais. Uma dessas adaptações são tubérculos, conforme mostra a foto abaixo (Fig. 3.14).

 

Figura 3.14 Detalhe do recorte de uma estrada na região dos Campos de Altitude mostrando que algumas plantas desenvolveram adaptações especiais, como tubérculos que armazenam água, para habitarem esse tipo de ambiente com solos áridos.

 

As condições adversas proporcionaram o surgimento de muitas espécies endêmicas (exclusivas) nesse ecossistema, sobretudo de flora. É impressionante a beleza e variedade das flores encontradas, que possuem valor ornamental indescritível.

 

Figura 3.15 Pepalanto (Paepalanthus polianthus): destaca-se entre a vegetação rasteira dos Campos de Altitude.
 
Figura 3.16 Exemplo de flor que ocorre exclusivamente nos Campos de Altitude.
 
Figura 3.17 Outro exemplo da enorme variedade e beleza das flores de plantas que ocorrem exclusivamente nos Campos de Altitude.

 

Diversos tipos de liquens são encontrados sobre as rochas, além de bromélias, orquídeas e samambaias e muitas outras espécies de plantas. Observa-se que o principal mecanismo de dispersão das sementes das plantas rasteiras que ocorrem nos campos de altitude é o vento, que é sempre intenso e constante o ano inteiro.

 

Figura 3.18 Líquen (associação de dois organismos: fungo e alga, que vivem em simbiose) comum de ser observado nas rochas de granito nos Campos de Altitude.

 

Esse ecossistema é muito frágil. O solo é de fácil erosão. Ao se remover a vegetação rasteira surgem grandes voçorocas (fendas), expondo as rochas. Uma simples abertura de estrada dá início a um processo de erosão incontrolável.

 

Figura 3.19 Fragilidade dos Campos de Altitude - A remoção da vegetação dispara um processo de erosão incontrolável. A abertura de uma estrada causa grandes impactos, conforme pode ser visto nesta imagem. Foto tirada em 11/01/2006 – Alto Quiriri – Garuva, SC.

 

Ainda, hoje, estes campos naturais vêm sendo utilizados para criação de gado, cuja degradação causa um enorme prejuízo para a sociedade (destruição do patrimônio natural, das nascentes e rios que afetam a produção de água que abastecem grandes cidades).

 

Figura 3.20 Apesar do valor inestimável para a sociedade, os campos de altitudes vêm sendo usados para criação de gado, que causa grandes impactos. Foto tirada em 11/01/2006 – Alto Quiriri – Garuva, SC.

 

Outro gravíssimo problema são as queimadas criminosas para a substituição da vegetação nativa por pastagens e reflorestamento de pinus. As queimadas atingem até mesmo as áreas protegidas por proprietários particulares. Aliás, essas áreas protegidas são também afetadas pelas plantas invasoras como o próprio pinus que está se tornando um problema muito sério e sua remoção envolve custos elevados e nem sempre é simples, sobretudo em áreas de escarpas (área com alta declividade).

 

Figura 3.21 Invasão de pinus nos Campos de Altitude: sementes de reflorestamentos próximos são dispersadas pelos ventos e contaminam este frágil ecossistema. Alguns proprietários conscientes removem esta planta invasora, mas outros, nem tanto. Foto tirada em 11/01/2006 – Alto Quiriri – Garuva, SC.

 

Além de todos esses problemas há ainda a prática de mineração para exploração de caulim (utilizado na indústria de cerâmica), que causa danos irreversíveis. O caulim é lavado no próprio local de extração e os tanques de contenção freqüentemente se rompem contaminando os rios, exterminando com toda a fauna aquática.

 

Figura 3.22 Mineração nos Campos de Altitude para extração de caulim (material utilizado pela indústria na composição de cerâmicas), uma atividade de grande impacto neste frágil ecossistema. À esquerda da gigantesca cratera houve a utilização criminosa de herbicida (repare a vegetação morta). Foto tirada em 11/01/2006 – Alto Quiriri – Garuva, SC.

 

 

3.4 RESTINGA

A Restinga é um ecossistema da Mata Atlântica que ocorre na região litorânea. É o mais ameaçado, restando pouquíssimas áreas, por causa da exploração imobiliária para casas de veraneio. Apresenta a vegetação com três tipos gradativos de crescimento.

Junto à praia, em áreas sujeitas a ação direta dos ventos, marés, chuvas e ondas, existe um tipo de vegetação que se forma para proteger as dunas, chamada restinga de litoral. Na restinga de litoral poucas plantas conseguem se desenvolver, apenas vegetação rasteira, alguns capins e cipós que são adaptados ao sal e a areia lançada pelo vento.

 

Figura 3.23 Paisagem tipica da restinga próxima a praia. As plantas com flores amarelas são
orquideas terrestres do gênero Epidendrum.

 

Figura 3.24 Planta rasteira típica da restinga. Local: Praia do Ervino - São Francisco do Sul (SC).

 

Caminhando em direção ao interior, é possível observar a vegetação arbustiva da restinga, com folhas também adaptadas aos fatores ambientais, com caules duros e retorcidos e raízes com grande poder de fixação no solo arenoso.

Figura 3.25 Butiá: palmeira de pequeno porte típica da restinga que fornece frutos para a fauna Local:
Praia do Ervino - São Francisco do Sul (SC)

 

Figura 3.26 Detalhe do cacho com frutos maduros do butiá.

Subsequente a vegetação arbustiva, desenvolve-se a restinga de interior, também conhecida como floresta de Restinga. A restinga de interior é composta por vegetação mista, nela podem ser encontradas árvores, arbustos, trepadeiras, epífitas, samambaias e muitas bromélias, que se desenvolvem no chão, colonizando extensas áreas. O olandi (Callophillum brasiliensis) se destaca entre muitas espécies de árvores encontradas na floresta de Restinga.

Figura 3.27 Ambiente característico da floresta de Restinga de interior: sobre a espessa camada de folhas secas em decomposição cresce um grande número de bromélias, que colonizam grandes áreas.
 
Figura 3.28 Olandi (Callophillum brasiliensis): árvore de grande porte da floresta de Restinga de interior.

 

O relevo da restinga é plano, seus rios são lentos e tortuosos. Suas águas apresentam característica única, com coloração avermelhada e pH ácido, devido ao excesso de matéria orgânica morta. Em determinada época do ano, em conseqüência das chuvas mais intensas e
freqüentes, a restinga de interior fica inundada.

 

Figura 3.29 Ambiente característico da floresta de Restinga de interior. No período mais
chuvoso do ano a Restinga fica parcialmente inundada. A água avermelhada é devido a
decomposição da matéria orgânica.

A fauna de restinga apresenta grande diversidade de espécies, desde microrganismos até mamíferos de grande porte. Pode-se destacar a presença de uma espécie de fungo luminescente, encontrado somente na floresta de Restinga. Anfíbios, como a perereca-de-capacete e o sapinho- de-restinga dependem exclusivamente deste hábitat para sobreviver.

 
Figura 3.30 Sapinho-da-restinga (Dendrophryniscus leucomystax): espécie que só existe na
floresta de restinga de interior, ou seja, é endêmico da restinga. Seus girinos só se desenvolvem
na água com o pH ácido da floresta de restinga..
 
Figura 3.31 Perereca-de-capacete (Aparasphenodon bokermanni): Espécie que só existe na
floresta de restinga de interior, ou seja, é endêmica da restinga. Seus girinos só se desenvolvem
na água com o pH ácido da floresta de Restinga. Sua desova ocorre no interior das câmaras
formadas pela estrutura do enraizamento aéreo das árvores coberto com a espessa camada de
folhas secas.
 
Figura 3.32 Câmara formada pela estrutura do enraizamento aéreo das árvores coberta com a
espessa camada de folhas secas. No interior dessa câmara, quando inundada, ocorre a desova
da perereca-de-capacete.

 

Devido à exploração imobiliária, agropecuária, agricultura, mineração (extração de areia para indústria de vidros e construção civil) e os reflorestamentos de pinus esse ecossistema vem sendo destruído a cada ano que passa, tornando-se um dos mais ameaçados.

 

Figura 3.33 Extração de areia em área de Restinga em Barra do Sul, SC (matéria prima para indústria de vidro recém instalada na região): danos ambientais irreparáveis ao ecossistema. Além da destruição das últimas áreas desse ameaçadíssimo ecossistema, esta atividade de mineração cria o grave problema das gigantescas crateras, que será deixado para as gerações futuras resolverem.
 
Figura 3.34 Exploração imobiliária com loteamentos ilegais - A principal pressão para aniquilar as últimas áreas de Restinga na região norte de Santa Catarina.
 
Figura 3.35 Loteamento criminoso, cujos proprietários estão tentando legalizar. Foi desmatada uma vasta área de restinga ainda intacta (primária) em Barra do Sul, SC. É um dos maiores desmatamentos deste ameaçadíssimo ecossistema dos últimos anos. Foto: 14/01/2006.
 
Figura 3.36 Detalhe do loteamento criminoso em Barra do Sul (SC). Figueira gigante abatida e queimada: milhares de formas de vida aniquiladas. Foto: 14/01/2006.
 
Figura 3.37 Detalhe do loteamento criminoso em Barra do Sul (SC) Foto: 14/01/2006.
 
Figura 3.38 Destruição da floresta de Restinga: loteamento irregular na praia do Ervino, em S.Francisco do Sul (SC).
 
Figura 3.39 Destruição da floresta de Restinga. Foto: out/2003.
 
Figura 3.40Destruição da Floresta de Restinga. Foto: out/2003.
 
Figura 3.41 Destruição da floresta de Restinga. Detalhe de um olandi (Callophillum brasiliensis) abatido. Foto: out/2003.

 

 

3.5 MANGUEZAIS

Ecossistema característico de regiões tropicais, constantemente exposto ao regime de marés, dominado por espécies típicas, que apresentam uma série de adaptações às condições existentes neste ambiente. O litoral norte de Santa Catarina, sobretudo a baía da Babitonga, em Joinville e Araquari, é rico em manguezais. Áreas com mangues também ocorrem na foz do rio Itapocu.

 

Figura 3.42 Manguezal no canal do Linguado, em São Francisco do Sul, SC, na divisa com Balneário Barra do Sul, SC.
 
Figura 3.43 Manguezal em Balneário Barra do Sul, SC.

 

A vegetação desse ecossistema protege a zona costeira das perturbações atmosféricas bem como, fixa a terra impedindo assim o processo de erosão. As raízes dos mangues funcionam como filtros na retenção de sedimentos.

 

Figura 3.44 Ambiente típico dos manguezais.
 
Figura 3.45 Ambiente típico dos manguezais: uma numerosa população de várias espécies de caranguejos vivem na lama dos manguezais. Os buracos na lama são tocas de caranguejos, onde eles se refugiam ao notarem a presença de predadores.
 
Figura 3.46 As árvores que ocorrem exclusivamente nos manguezais têm adaptações especiais como raízes áreas para sustentação das árvores nesse ambiente de lodo.
 
Figura 3.47 As raízes das árvores do mangue funcionam como filtro para retenção de sedimentos e crescem de baixo para cima, conforme pode ser visto nesta imagem (as pontas sobressaindo do lodo).

 

Os manguezais são conhecidos como berçários, porque existe uma série de organismos (peixes, crustáceos etc.) que se reproduzem nestes locais. Neles, os filhotes também são criados, como no caso de camarões, algumas espécies de peixes e aves. Entre as espécies de aves estão os colhereiros, os socós e os martins-pescadores.

Ao contrário das outras florestas, nos manguezais não há muita riqueza de espécies, porém são destacados pela grande abundância de populações que neles vivem.

 

Figura 3.48 Detalhe das folhas de uma das três espécies de árvores que ocorrem nos manguezais. Uma adaptação muito interessante pode ser observada sobre as folhas desta planta: a eliminação do excesso de sal através das folhas.
 
Figura 3.49 Detalhe da flor de outra espécie de árvore que ocorre nos manguezais.

 

Entre as espécies da fauna nativa que habitam os manguezais destacam-se:

Caranguejos - vivem em enormes populações nos fundos lodosos, são mais ativos durante a maré baixa;

 

Figura 3.50 O mangue é rico em diversidade de caranguejos e suas populações são numerosas. O exemplar desta foto é o aratu (Goniopsis cruentata)
 
Figura 3.51 Toca de uma espécie de caranguejo construída com uma elevação na entrada, possivelmente para retardar um pouco a inundação com a subida da maré.
 
 
 
Figura 3.52 Foto superior: espécie de caranguejo do mangue adaptado para viver nas árvores do manguezal. Foto inferior: detalhe do caranguejo
 
Figura 3.53 Outra espécie de caranguejo que tem o mangue como hábitat.

 

Ostras, cracas e mexilhões - podem ser encontrados em troncos submersos, alimentam-se de partículas suspensas na água;

 

Figura 3.54 Ostras e mexilhões coletados nos mangues para venda às margens rodovia BR-280, em Araquari (SC). Uma atividade em franca decadência devido ao esgotamento dos recursos naturais, mas só deverá acabar quando a última ostra for coletada, o que não deverá demorar muito para acontecer. As áreas de mangues estão muito reduzidas e degradadas pela poluição e esta coleta acelera seu extermínio.

 

Camarões e peixes - penetram nos manguezais também durante a maré alta e na fase jovem dependem muito das fontes alimentares que ali são encontradas;

 

Figura 3.55 Produto de uma noite de pesca de um dos pescadores artesanais de Barra do Sul (SC). A abundância de peixes depende da saúde dos manguezais, que funcionam como verdadeiros berçários para inúmeras espécies. A forte decadência da pesca está associada também à degradação e destruição dos manguezais.

 

Aves comedoras de peixes e invertebrados marinhos - costumam alimentar-se durante a maré baixa, quando os fundos lodosos ficam expostos;

Mamíferos - podem ser citados o mão-pelada e o quati que se alimentam de caranguejos e a lontra que é uma hábil pescadora.

 

Figura 3.56 Mão-pelada (Procyon cancrivorus), freqüentador assíduo dos manguezais em busca de seu alimento predileto: caranguejos. Porém, ele vem sendo vítima de muita crueldade em algumas comunidades de pescadores tradicionais que estão aniquilando os caranguejos dos mangues. Estes coletores de caranguejos temem a competição com o mão-pelada e colocam iscas envenenadas para exterminá-los.
 
Figura 3.57 Crueldade no comércio dos caranguejos saqueados dos mangues. O bicho fica horas pendurado, exposto ao sol, sem entender porque esta punição tão severa, imposta pelo mais sádico predador do Planeta, até que a morte alivie seu sofrimento. Local BR-280, em Araquari (SC), no trecho que liga Joinville às praias do litoral norte de SC.

 

Os manguezais vêm sendo degradados diariamente pela ação e ocupação do homem, através do despejo de esgotos sanitários, industriais e agrícolas, bem como através da construção de rodovias e a exploração imobiliária.

 

Figura 3.58 Área de mangue ocupada irregularmente com moradias em Balneário Barra do Sul (SC). A legislação proíbe este tipo de ocupação. Foto: 14/01/2006.
 
Figura 3.59 Casa construída irregularmente em área de mangue em Araquari (SC), às margens do canal do Linguado e da BR-280. A lei proíbe construções neste local. A justiça federal já tem determinado a demolição de muitas destas construções e os criminosos tem sido punidos de acordo com a lei. Mas o dano já foi feito. Foto: 14/01/2006
 
Figura 3.60 Lançamento de esgoto residencial diretamente em área de mangue no canal do Linguado, em Balneário Barra do Sul (SC), na região central da cidade. Foto: 14/01/2006
 
Figura 3.61 Lançamento de esgoto residencial sem nenhum tratamento diretamente em área de mangue no canal do Linguado, em Balneário Barra do Sul (SC). Este esgoto contamina o berçário de muitas espécies de peixes do mar, ou seja, compromete toda a vida marinha e deixa as praias impróprias para o uso das pessoas. É grande o risco de contrair doenças graves quem se banha nas águas poluídas por esgotos. E, lamentavelmente, este não é o único caso: todo o esgoto da cidade é despejado sem nenhum tratamento no canal do Linguado, por isso a vida marinha vem sendo aniquilada na região. Foto: 14/01/2006
 
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