Foto: Germano Woehl Jr. Local: RPPN Santuário Rã-bugio - Guaramirim, Santa Catarina Data: 05/11/2017
O acasalamento com mais de um macho como mostrado na imagem principal é comum ocorrer. As vezes, até 3 ou 4 machos participam. Este comportamento é chamado de poliandria.
Ameaças Destruição dos ambientes de reprodução, banhados e lagoas. Introdução de peixes predadores de girinos
Alta taxa de mortalidade de girinos de Phyllomedusa distincta - Suspeita de Ranavirus Durante o mês de janeiro de 2024 observamos grande mortandade de girinos na lagoa da RPPN Santuário Rã-bugio, em Guaramirim. A totalidade dos girinos que atingem um certo estágio de desenvolvimento, na transição da metamorfose, morre. Durante os 30 anos que estamos aqui, observando diariamente a lagoa, nunca tínhamos visto esta quantidade tão grande de girinos mortos. Clique aqui para ver a foto dos girinos mortos na beira da lagoa. Os girinos desta espécie são fáceis de serem visualizados porque costumam ficar na superfície da água, na posição vertical. Não se vê nenhum girino com membros, apenas girinos na fase inicial do desenvolvimento. Não há nenhuma fonte de poluição. A água que forma a lagoa é proveniente de uma nascente livre de qualquer contaminante. Esta nascente é protegida por uma extensa área de Mata Atlântica preservada. Há suspeitas de infecção por ranavirus, pelos sintomas apresentados: Hemorragias Clique aqui, inchaço do abdomem e mortes na transição da metamorfose
Características O tamanho do corpo do macho é 55 mm. As fêmeas são maiores e podem atingir até 75 mm
Estratégia de Reprodução Os ovos envolvidos com gel são enrolados nas folhas de árvores, ou arbustos, suspensas sobre a superfície das lagoas temporárias, no meio ou nas bordas da floresta. Entre 7 a 30 dias, os girinos eclodem e caem diretamente na água onde completam seu desenvolvimento, após cerca de 80 dias. As desovas contêm, em média, 172 ovos férteis, isto é, que vão permitir o desenvolvimento do embrião e produzir girinos. Esta média foi obtida contando os girinos que eclodiram de 30 desovas durante uma temporada. Na lagoa principal da RPPN Santuário Rã-bugio, em Guaramirim (SC), ocorrem entre 500 e 550 desovas por ano (por temporada). Sabe-se que uma fêmea pode desovar mais de uma vez na mesma temporada. Este número de desova registrado se manteve constante durante 5 anos de monitoramento. Portanto, por ano, são produzidos somente nesta lagoa cerca de 94.000 girinos. Devido à ação dos predadores somente alguns chegarão na fase adulta.
A filomedusa vive nas árvores e a cor verde serve para ficar camuflada nas folhas, não sendo facilmente notada pelos predadores, pássaros geralmente. A destruição dos locais apropriados para reprodução está levando esta espécie à extinção. Em vários lugares de Santa Catarina, ela já desapareceu. A formação de lagoas nas áreas de brejos para criação de peixes provoca o rápido extermínio dessa perereca. Seus girinos são presas fáceis para diversas espécies de peixes predadores.
Por isso, sua reprodução é bem sucedida em lagoas temporárias (que secam durante o inverno), onde não há possibilidade de peixes ou outros predadores se desenvolverem. Como o período de desenvolvimento dos girinos (cerca de 80 dias) é relativamente longo, as estiagens prolongadas no período de reprodução (de setembro a fevereiro), que vêm ocorrendo com bastante freqüência devido aos desmatamentos, estão afetando a população dessa espécie, mesmo em áreas bem preservadas.
A ausência dos anfíbios rompe o equilíbrio dos ecossistemas porque eles estão na base da cadeia alimentar. Na Mata Atlântica, além das cobras, diversas espécies de aves e mamíferos (mão-pelada, quati, gato-do-mato, cachorro-do-mato etc.) alimentam-se de anfíbios (clique no site o link: "os predadores" para saber mais). Portanto, o extermínio deles provoca o desaparecimento de várias espécies da fauna.
Distribuição geográfica Região Norte de Santa Catarina, Paraná e sul de São Paulo.