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Predação de Anfíbios
Os anfíbios estão na base da cadeia alimentar e, portanto, formam um elo muito importante no equilíbrio dos ecossistemas. A extinção de espécies e declínio de suas populações são catastróficos para os ecossistemas. Quando um banhado, por exemplo, é drenado ou transformado numa lagoa para criação de peixes, toda a fauna do entorno é afetada, porque ficam sem um item essencial de sua alimentação: os anfíbios. Os banhados são verdadeiras “maternidades” para várias espécies de anfíbios, que ali desovam e seus girinos se desenvolvem até atingirem a metamorfose, quando adquirem a forma adulta, deixam a vida aquática e passam a viver em seu hábitat, a floresta.
Várias espécies de aves, mamíferos e répteis se alimentam de anfíbios. Em algumas dessas espécies, os anfíbios são o principal item de suas dietas. Os anfíbios sofrem predação em várias fases de suas vidas, conforme será comentado a seguir.
Predadores de Ovos
As desovas são avidamente consumidas por saracuras, conforme observado na espécie Saracura-do-mato (Aramides saracura), que se alimenta dos ovos da perereca Filomedusa (Phyllomedusa distincta). Já as desovas dos sapos (que são em forma de cordão de gel) e das pererecas (película de gel sobre a superfície da água) são devoradas pelo camarão-de-água-doce. Certas espécies de besouros, formigas, entre outros insetos também são predadores das desovas dos anfíbios.
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Foto: Germano Woehl Jr.
Guaramirim, SC, dezembro 2003
Saracura-do-mato (Aramides saracura).
Ovos das rãs fazem parte de seu cardápio; girinos também. |
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Foto: Germano Woehl Jr. Camarão-de-água-doce, predador de ovos dos anfíbios. |
Predadores de girinos
Os inimigos naturais dos girinos vêm pelo ar (aves), terra (mamíferos) e água (répteis, peixes e invertebrados), conforme os exemplos apresentados a seguir.
Os girinos sofrem predação de aves como o Martin-pescador-pequeno(Chloroceryle americana), Martin-pescador-grande(Ceryle torquata), do Bem-te-vi(Pitangus sulphuratus), Saracura-do-mato (Aramides saracura), Saracura-três-potes (Aramides cajanea) entre outros. Mamíferos, como o mão-pelada, também se alimentam de girinos. Fato observado para os girinos da Rã-do-riacho (Hylode perplicatus), que e se desenvolvem em pequenos riachos, de leito rochosos e com água bem cristalina, da serra do Mar e adjacências do norte de Santa Catarina e levam mais de um ano para completarem seu desenvolvimento. O mão-pelada cerca os girinos acuando-os, e não adiante eles se refugiarem, pois o mão-pelada tem uma incrível habilidade com suas mãos, com as quais ele vai tateando embaixo das pedras e nas fendas até capturá-los, que são levados também com a mão até sua boca.
Foto: Germano Woehl Jr.
Guaramirim, SC, jan-04
Mão-pelada (Procyon cancrivorus).
O mão-pelada se alimenta de girinos e anfíbios adultos.
Nesta foto, ele está caçando girinos e outros animais aquáticos.
Além de anfíbios, ele aprecia muito caranguejos. |
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Foto: Germano Woehl Jr.
Guaramirim, SC, 22fev04
Mão-pelada (Procyon cancrivorus).
O mão-pelada, que costuma freqüentar os banhados, tem uma certa habilidade para subir em árvores.
vocalização do filhote de mão-pelada |
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Os girinos também sofrem a predação de répteis como a cobra d´água (Helicops carinicaudus) e o cágado (Hidromedusa tectifera). |
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Foto: Germano Woehl Jr.
Guaramirim, SC, jan-04
Cobra-da-água (Helicops carinicaudus) A Cobra d´água se alimenta de girinos, especialmente quando eles estão bem desenvolvido, prestes a deixar a vida aquática, ou seja, quase completando a metamorfose. Durante as horas mais quentes do dia, esta espécie de cobra d´água costuma sair da água e tomar sol sobre a vegetação às margens das lagoas, como mostra a foto. |
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Foto: Germano Woehl Jr.
Guaramirim, SC, jan-04
Cágado (Hidromedusa tectifera). O cágado, esta espécie de tartaruga de água doce da foto, tem muita habilidade para capturar girinos que vivem em lagoas. |
Muitas espécies de peixes são também predadoras de girinos. Porém, no processo evolutivo, os girinos desenvolveram várias estratégias que lhes asseguram uma relativa proteção contra os peixes nativos (que pertencem à nossa fauna). Entretanto, quando são introduzidos peixes de outros países, ou seja, espécies exóticas, como a tilápia, bagre-africano, catfish, truta etc., os girinos não têm as mínimas chances de defesa contra estes peixes, que os devoram de forma insaciável, provocando extermínio na certa. Aliás, a criação dessas espécies vem causando um grande dano à nossa biodiversidade de anfíbios em várias regiões do País.
Animais invertebrados aquáticos também são predadores naturais de girinos. Exemplos, barata-d´água, ninfa de libélula, caranguejo, camarão-de-água-doce etc. Lembrando que predadores naturais não causam problemas para as espécies em ecossistemas equilibrados. Isso faz parte da natureza!
Predadores de anfíbios jovens
Quando saem da água, para iniciarem a vida em terra firme, as rãzinhas ou sapinhos sofrem uma predação intensa de pássaros como o Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) entre outros.
Predadores de anfíbios adultos
Na fase adulta, os anfíbios sofrem predação de várias espécies de aves, como por exemplo o Tinguaçú (Attila rufus), Surucuá-de-barriga-vermelha (Trogon surrucura), Anu-preto (Crotophaga ani), Anu-branco (Guira guira), Garça-branca-grande (Casmerodius albus), Inambu-guaçú (Crypturellus obsoletus), Inambu-xororó (Crypturellus parvirostris) etc.
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Foto: Germano Woehl Jr.
Guaramirim, SC, jan04
Surucuá-de-barriga-vermelha (Trogon surrucura)
Predação da perereca-araponga (Hyla albomarginata) |
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Foto: Germano Woehl Jr.
Guaramirim, SC, jan04
Surucuá-de-barriga-vermelha (Trogon surrucura), macho, alimentando seus filhotes a perereca-araponga (Hyla albomarginata), capturada nas copas das árvores da floresta Atlântica. |
Obs. O surucuá faz seu ninho em cupinzeiros arborícolas. A tarefa de escavar uma cavidade fica por conta do macho. O casal se reveza para chocar os ovos e alimentar os filhotes. Nidifica (se reproduz) duas vezes ao ano. Nos primeiros dias de vida, os filhotes são alimentados com lagartas, grilos, bicho-folha, bicho-pau, cigarras etc. Quando eles já estão bem desenvolvidos, quase prontos para deixar o ninho, pererecas entram no cardápio, que, antes, têm seus ossos triturados pelo bico dos pais.
Os anfíbios adultos são também o alimento de muitas espécies de répteis como cobras, lagartos e cágados.
Foto: Germano Woehl Jr.
Guaramirim, SC, 23ago03
Jararaca (Bothrops jararaca)
As cobras jararacas se alimentam de anfíbios adultos. |
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Várias espécies de mamíferos também incluem os anfíbios em sua dieta. Dentre inúmeros exemplos, podemos citar: morcegos (de várias espécies), mão-pelada (Procyon cancrivorus), quati (Nasua nasua), lontra (Lutra longicaudis), furão (Galictis cuja), irara (Eira barbara), jaguatirica (Felis pardalis), gato-do-mato (Felis tigrina), gato-do-mato-maracajá (Felis wiedii), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), e o graxaim ou cachorro-do-campo (Dusicyon gymnocercus). O mão-pelada não despreza nem os sapos, mas ele evita comer o couro e as glândulas parotóides (aquelas bolsas nas laterais da cabeça contendo um líquido leitoso que causa forte irritação quando em contato com a mucosa da boca dos predadores, que é a defesa do sapo, mas não funciona no caso do mão-pelada).
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Foto: Germano Woehl Jr.
Zôo de Pomerode, SC – Jan04
Furão (Galictis cuja)
O furão se alimenta de rãs adultas. |
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Foto: Germano Woehl Jr.
Zôo de Pomerode, SC – Jan04
Gato-do-mato-maracajá (Felis wiedii)
O gato-do-mato-maracajá inclui anfíbios em sua dieta, embora ele aprecie mais os pássaros. |
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Foto: Germano Woehl Jr.
Zôo de Pomerode, SC – Jan04
Irara (Eira barbara) |
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